1 ano

Há um ano fomos almoçar a um restaurante micro, onde eu apertei a minha barriga gigante para caber no meio de uma mesa cheia de crianças e alguns adultos (eles começam a ser mais do que nós).
Almoçámos todos tranquilamente - as mesas à nossa volta talvez não tão tranquilamente - e depois de todos nos despedirmos, sentei-me no carro e percebi que as águas tinham acabado de rebentar.
Transferimos rapidamente e atrapalhadamente batata-frita-pequena para o carro da tia e primos e passámos por casa para buscar a mala. Depois, voámos para a maternidade.
Batata-frita-pai desnorteado a parecer pai de primeira viagem e eu a pedir-lhe para ficar menos histérico que estava tudo controlado e a correr como previsto. E, mais fixe de tudo, ela ía nascer em Maio (eu tinha uma fixação pelo mês de Maio).
Estive quase para me oferecer para conduzir o carro, mas já sabia era uma questão de minutos até as contracções começarem a doer a valer, por isso fiquei caladinha e a pensar em coisas absolutamente pertinentes, tais como que esta miúda tinha-me deixado almoçar e que eu não ía passar fome durante a tarde. Ou que estava a encharcar o banco do carro (quem me conhece verdadeiramente percebe que isto só poderia vir do meu cérebro).
Antes de dar entrada no quarto fui trocando mensagens com o meu médico, que interrompeu a folga e foi fazer uma perninha à maternidade.
Foram dores de morte até a santa epidural fazer efeito e não, não estou a ser dramática. Eram dores que me consumiam de cima a baixo e não havia respiração que as fizessem mais suportáveis.
O anestesista foi o melhor que me podia ter calhado. Aliviou a dor, mas não a eliminou completamente e assim tive a sensação incrível do parto.
Um parto rápido e calmo.
E uma bebé pequenina e perfeitinha. Que chorou assim que nasceu.
Olhei para ela e não senti surpresa. Senti que já a conhecia. É um cliché tão piroso como possível, mas é a verdade.
Comecei logo a namorá-la. Sem pânico do desconhecido, com a segurança que o segundo filho permite.
Deu-me um primeiro ano com demasiadas noites sem dormir. Mas, apesar do cansaço, encontrei-lhe sempre o sorriso e os olhos azuis grandes. Mesmo nos dias menos bons. Ela acrescentou definitivamente muito à nossa vida.
O que mais quero é que a magia perdure.


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