o Natal e coisas bonitas

Há dias, uma certa e determinada amiga confidenciou que gostava de receber a família no dia 24 de Dezembro para a ceia de Natal, assim como a Nigella: com tudo a parecer lindo e fácil.
Ora... lamento desapontar, mas isso não existe. Tau.
Não é à toa que a Nigella dá nas drogas, como é que pensam que ela é tranquila no Natal?
Esta aqui recebeu parte da família em casa e uma coisa também vou confidenciar. Natal, chez moi, jamé.
Só quando se é criança é que se vive numa redoma de magia. E também quando se tem cozinheiras e empregadas. Ou quando toda a gente vira robô no fim da noite e ajuda a pôr tudo no sítio. Ou quando se vai a casa de alguém. Aí também é muito fixe.
Caso contrário... é uma dor de cabeça. Sim, isto é anti-natalício, mas é a mais pura verdade. É uma seca do caraças.
Maneiras que não, o meu Natal não foi enrolada numa manta tartan e bebericar um chá de roibos com a família reunida a cantar o jingo bell.
A minha véspera de Natal foi o dia em que encarnei a gata borralheira. Mas tudo bem, aí pela uma da manhã tinha o meu castelo de volta. Todo desarrumado e assim, mas meu outra vez.
É ver as coisas pelo lado positivo. Só tenho de voltar a pensar nisto daqui a um ano.

diálogos

No supermercado, batata-frita-pequena implora que lhe compre um donut.
Eu atiro um "não sei, não sei...".
Ele dá o seu melhor: "Ouve mãe... eu mereço".

diálogos (quando o teu filho te dá um bailinho)

Estamos a petiscar à mesa.
Batata-frita-pequena: "mãe, dá-me uma tosta".
Eu: "como é que se diz?"
Ele: "tosta".
Eu: "a palavra mágica!!!"
Ele: "mãe... não sabes que não se fala de boca cheia?"

voltei ao trabalho

Apetece-me dar dentadas a toda a gente.
Morro de saudades da minha rapariga.
Tenho remorsos porque vou buscar batata-frita-pequena mais tarde do que o normal.
Corro e não chego a lado nenhum.
Tudo a correr normalmente, portanto.

uma noite destas

E, se de repente, te vês sozinha em casa sem marido ou filho, sendo que acabas de deitar a mais nova e tens aí umas 2 horas pela frente de silêncio?
Não, não fico atarantada nem com saudades de ter a casa com barulho.
Abro uma garrafa de vinho e vejo um filme que falhei no cinema e que queria mesmo muito ter visto.

7 meses

Toda a gente diz que os filhos nunca são iguais.
Eu achava que tinha dois filhos muito parecidos, para além da parte física.
São iguaizinhos de cara, mas de feitio já não acredito.
Ela é charmosa, sorri muito, está sempre bem-disposta. Não há grande choro durante o dia.
Mas a noite continua a ter de ser muito trabalhada.
Está muito melhor e já não bebe leite durante a noite. Mas entre os ciclos de sono desperta muito e choraminga. Às vezes torna a adormecer. Outras vezes temos de lhe por a chupeta para adormecer.
Já não fica possuída pelo demo nas primeiras horas da noite. E durante o dia estabilizou numa rotina que lhe foi imposta. Já há sestas mais longas. Por isso, sim, posso dizer que evoluímos no bom sentido.
Está sempre a fazer olhinhos ao pai e ao irmão.
Já anda a comer melhor, se bem que por ela só comia 3 colheres e já estava.
Ainda não demonstra grande vontade de gatinhar.
Adora quando nos deitamos os três - eu, ela e o mano - na cama do irmão e ficamos lá a ouvir música.
Fica histérica com o irmão e na excitação de o tentar agarrar, já lhe deu grandes puxões de cabelos e beliscões.
Eu tenho verdadeiro medo de ter o cabelo solto quando a tenho ao colo.
Gosta de se ver ao espelho.
Adoro esta miúda.

A PDI

Quando tive o primeiro filho, alguns meses depois de ele nascer, caiu-me cabelo como se não houvesse amanhã. Quando finalmente parou de cair, nasceram alguns cabelos novos em lugares ridículos, tipo, uma franjinha que não serve para nada e uns outros espetados pelo couro cabeludo.
Desta segunda rodada aconteceu-me exactamente o mesmo. Mas com um bónus. É que grande parte do cabelo que está a nascer é branco.
PDI*, absolutely.

*Puta Da Idade

em modo "mexes o rabo ou levas"

Isto de treinar ao ar livre tem a sua parte boa.
Uma pessoa respira ar puro e vê o sol e assim.
Mas depois também há a outra parte. A dos espectadores.
Sim, há gente que fica a olhar.
É particularmente humilhante fazer agachamentos, abdominais e andar aos saltos com malta a ver.
Já apanhei tarados, velhas que se riem e miúdos intrometidos.
Mas enfim, tento concentrar-me na extinção da celulite e kinders alojados nas coxas.
Noutro dia, o PT sádico mostrou-me a boa arte de esmurrar. E ontem mostrou-me outro exercício altamente: os pontapés. Trata-se basicamente de girar a anca, levantar bem a perna e dar um pontapé com força no bloco de esponja que o PT sádico segura.
Sim, também adorei e sim, parecia uma alucinada. Adorei pontapear. Melhor que isso seria dar gritos de guerra. Vontade não me faltava, mas enfim, eu não estava num filme do karate kid e não queria assustar os esquilos.
Durante o pontapeanço, muitos senhores passaram por nós. Do outro lado do passeio.

Em modo "sai-me da frente ou levas". Tchanã!

emancipação

São 7:30.
Vou à cozinha aquecer o biberão para batata-frita-baby e vejo batata-frita-pequena na sala, deitado no sofá, de perna cruzada a ver televisão.
Pergunto-lhe se foi ele que ligou a televisão sozinho. "Sim".
Rio-me e pergunto-lhe se já lavou os dentes.
Levantou-se, pôs no "pause" e foi à casa-de-banho tratar da vida dele.