o mundo cor-de-rosa versus negro da maternidade

Diz uma jornalista numa entrevista a uma revista (ista ista ista...): nasci para ser mãe, adoro. Não me é uma tarefa estranha nem difícil de desempenhar, estou como peixe na água.
Desde já, se me permitem as mães por esse mundo fora, por mim entregava-se já um óscar a esta mãe despachadona, a quem a maternidade não faz mossa. A sério, se há coisa que me faz rir é este tipo de discurso. É bom ser mãe? É espetacular. É recompensador? É, pois. Agora, não custa nada??? Quem é que esta quer enganar? Ah, já sei, quer ganhar o óscar.
Se calhar há mesmo mulheres assim por esse mundo fora, que vivem num mundo cor-de-rosa e dedicação aos seus e que são felizes assim. Que não choram de cansaço com noites em branco e filhos doentes, que não têm olheiras até aos pés, que não têm papa, sopa e outros corpos estranhos agarrados ao cabelo e à roupa, a quem não lhes custa o alvoroço hormonal e as dores depois do parto, a quem não lhes custa ver a vida de pernas para o ar.
Não, não há mulheres assim. Isto é uma grande tanga para ficar bem e vender a imagem. A não ser que se tenha babysitters, empregados e cozinheiros. Aí realmente a coisa há-de atenuar.

Eu, batata-frita-mãe me assumo (dentro do meu pseudónimo): adoro a minha batata-frita-pequena que até dói no coração, dou-lhe beijinhos todos os dias, dava a minha vida por ele, mas nem tudo são rosas. Se nasci para ser mãe? Nasci e depois fui mãe. Adoro ser mãe? Há dias grandiosos e outros menos bons. É uma tarefa estranha? Foi sim senhor, quando me tornei mãe havia todo um universo de desconhecimento e nervosismo associado. É-me difícil desempenhar esta tarefa? É sim, às vezes é difícil como o caraças. Estou como peixe na água? Não! Todos os dias são dias de aprendizagem.

E para rematar, diz ainda (respondendo à pergunta "o pai é participativo?") Ajuda-me imenso!
Eu adoro esta expressão. "Ajudar" é um verbo espetacular.

Precisa-se com urgência: mães equilibradas e saudáveis da cabeça, realistas e sinceras.
Obrigada.

dissertações sobre factos masculinos

Porque é que há homens que fazem jogging com a peitaça ao léu? Nós mulheres também fazemos isso? Não, pois não? Nem de bikini. Então porque é que os homens acham que temos de gramar com a peitaça suada (blhéc) e peluda (blhéc) ao léu, a abanar por todos os lados?
Isto não é justo para os olhos de quem só quer ver as coisas bonitas deste mundo.

a minha hora

Tenho a minha hora. É aquele período de tempo, à noite, depois de deitar batata-frita-pequena, em que me atiro para o sofá, como umas colheradas de gelado e vejo qualquer coisa que gravei na box.
Sim, sou uma mulher de gostos simples, básicos, vá. Para mim isto é tudo. É aquele momento do dia em que ninguém choraminga, em que ninguém me pede nada, em que não tenho o stress a perseguir-me. (Não me estou a chorar à toa. O stress persegue-me mesmo durante o dia.)
Por falar nisso, está aí a minha hora. Fui.

abrir a porta

Fomos convidados para uma festa da qual nunca imaginei poder fazer parte. O convite veio assim do nada, de alguém com quem simpatizo, mas com quem nunca mantive uma relação sequer de amizade. E estive no vai não vai para aceitar.
Depois pensei batata-frita-mãe, é desta que deixas de ser bicho do mato e aceitas de bom grado este convite tão simpático. Vai na volta ainda acaba por ser um momento fantástico e quem sabe não arranjas uma nova amiga, que é coisa que tenho sentido a falta. Tenho poucas amigas daquelas mesmo amigas verdadeiras e sinto vontade de fazer amizades novas.
E foi mesmo isto que aconteceu. Acabámos por passar uma tarde fantástica. Adorei a casa, as pessoas, o lanche e ver a batata-frita-pequena a dar mergulhos à maluca pela primeira vez e a socializar com os outros miúdos.
É assim, quando menos esperamos aparecem assim estes momentos especiais. Há que abrir os horizontes e a porta da nossa mente. Nunca se sabe o que pode acontecer.

peso pesado

Hoje fui lanchar a uma pastelaria e topei uma família composta por 3 gerações: avó, filha e neto. Todos eles muito avantajados, excepto o puto, que ainda era novinho, mas para lá caminhava. Pediram croissants com creme, aquele bolo em forma de pirâmide com cobertura de chocolate (agora não me ocorre o nome), sumol de ananás, travesseiro e leite com chocolate. (Sim, eu sei que tenho de parar de reparar no que as pessoas estão a comer, mas é mais forte que eu, possa.)
E com isto eu pergunto: aquela família que não primava pela elegância e provavelmente também não adeptos de alimentação saudável, que exemplo querem transmitir ao mais novo? E a avó, será que não tem medo dos diabetes? E a filha, será que não se chateia de se olhar ao espelho? E o puto, será que come bolos todos os dias e pensa que isto é normal?

o sofá creme II

O meu sofá está parcialmente ruivo, com manchas alaranjadas.
Muito provavelmente alperce ou então cenoura, depois de refogada.

o cúmulo da coerência

Hoje à hora do almoço, num restaurante, uma senhora sentada sozinha numa mesa comia uma sopa e bebia uma água das pedras. E eu a pensar linda menina, isto é que é. Não é uma fraca como eu e fica ali só na sopinha, não há cá sobremesas para ninguém.
E eis que pede um café. Acompanhado de uma bola de berlim com creme.
Vendida.

a viagem


Viajar a dois, sem filhos, é ter tempo para:
- namorar
- passear
- desfrutar de uma refeição sem pressa e choros
- dormir muito
- conversar muito
- beber vinho e apanhar sol de olhos fechados
- não pensar em refeições e horários
- estar em silêncio
- desligar o botão para off
- andar nas dunas
- despreocupar
- deitar e acordar às horas que apetece
- tomar um banho demorado e descansado
- adormecer na espreguiçadeira

Voltar a casa é:
- ter o coração a bater depressa
- encontrar a nossa cria bem-disposta e contente por nos ver
- dar montes de beijinhos e abraços e dizer que saudades!
- sentir o cheiro da nossa casa
- ter a certeza que este tempo fez-nos bem a nós e a ele.

muro das lamentações

Ninguém merece, pá. Ninguém merece acordar às 7:30 da manhã de um DOMINGO, depois de um jantar com amigos que durou até às 2:00.
Ninguém, em nenhuma freguesia, merece dormir 5 horas ao fim-de-semana.
Batata-frita-pequena acordou hoje com o raiar do sol a choramingar (acorda sempre a choramingar). A minha primeira reacção, depois de abrir ligeiramente os olhos, foi pensar não, não pode ser. Dorme dormeee dormeeeeeeee. Sim, acredito no poder da oração desesperada. Mas não resultou, caraças.
Então toca de ir buscar batata-frita-pequena ao quarto e levá-la a dar uma voltinha matinal. É o melhor remédio para eu abrir a pestana, apanhar muito ar na cara e pôr o corpo a mexer.
E é assim que percebo que é bom não desperdiçar a melhor parte do dia: a manhã. Aproveitar o ar puro e a maresia num sítio que tem verdadeiras enchentes durante a tarde, mas que de manhã priva pelo silêncio e por ocasionais madrugadores. Tomar um café numa esplanada que está sempre lotada, mas que naquele momento está vazia e o atendimento é fulgurante. Vêr a alegria da batata-frita-pequena maravilhado com as gaivotas e com a liberdade de poder correr até cansar. Passar pelo supermercado para comprar peixe para o almoço e não ter filas intermináveis para pagar.
E olhar para a batata-frita-pequena e mesmo sentindo-me cansada, pensar que tenho definitivamente o coração cheio.

o romance

Batata-frita-pai vai levar batata-frita-mãe a passar uns dias de romance em destino surpresa. Sem batata-frita-pequena. Mesmo o que estamos a precisar.
Assumo a necessidade de tempo a dois, sem pretensões de mãe nº 1.
Férias (ou neste caso, mini-férias) a dois é do melhor.

Ser homem é lixado.

Eu: Achas que estou gorda?
Ele: Não!!
Eu: Achas que vá a uma consulta numa clínica de emagrecimento?
Ele: Se achas bem, vai.
Eu: Isso quer dizer que achas que estou gorda!
Ele: ... Não!...
Eu: Então porque disseste que achas bem eu ir à consulta??
Ele: ... ... ... ... ... Sei lá... ... ... Porque... porque sim!...
Eu: Achas que estou gorda?
Ele: Não me confundas mais!

conversa de casa-de-banho

Hoje, o final do banho culminou em tragédia. Tragédia que mete batata-frita-pequena sem fralda, como veio ao mundo a fazer algo mal-cheiroso no chão da casa-de-banho. O momento alto foi quando pisou e escorregou. E eu, a oscilar entre o riso nervoso e o tem calma, já passou, a tentar limpar os pés da batata-frita-pequena e o chão da casa-de-banho. E sem papel higiénico por perto, que tinha acabado.

o sofá creme

Na primeira vez que vi a batata-frita-pequena, com a boca suja de sopa a correr em direcção ao sofá, estremeci, arregalei os olhos e soltei um grito de comiseração.
Na segunda vez, (mãos sujas de ameixa, jeitosa para fazer nódoas que só ela) engoli o grito de dôr e pensei "faz parte... inspira, expira...".
Na terceira vez, (boca, mãos e cabelo com pizza) olhei para ele com olhos miseráveis, encolhi os ombros e pensei "que se lixe".

O próximo sofá vai ser preto.

crescendo

Percebemos que os nossos filhos estão mais altos quando já chegam ao que está em cima da bancada e fazem ISTO. Nem queiram (meus fiéis 0,5 leitores) imaginar como ficou batata-frita-pequena.

alguém me diga

porque é que a Gabriela da Laços de Sangue (o meu sagrado guilty pleasure) tem uma gravidez como a dos elefantes. Que dura e dura e dura. E dura.

a semana

Então já que estou lançada (3 posts num dia upa upa), vou já explicar o que é isto da semana à vez.
Um dia, batata-frita-pai, provavelmente ao ver-me irada por várias noites acumuladas mal dormidas, sugeriu adoptarmos o esquema da "semana". E o que é isto? Consiste em termos uma semana cada um para acordar com batata-frita-pequena, esse ser madrugador que nos tira do sério e do vale dos lençóis.
Ora, esta semana é o batata-frita-pai. Na próxima semana sou eu e assim sucessivamente. Se isto vai resultar? Eu sei lá. É esperar para ver.

férias

Depois da saga da havaiana do super-homem e desse belo início de férias, partimos alegres e esperançosos por uns dias catitas, na companhia da nossa batata-frita-pequena, há lá coisa melhor que férias em família.
Suspeito que o Alentejo já foi a minha casa algures noutra encarnação ou que um dia virá a ser. Largava tudo por aquele pão, pelas praias, pelo pôr-do-sol, pelas casinhas brancas, pela calma e por um belo bronzeado.
Adiante.
Descobrimos que a porcaria das havaianas são muito giras, mas estão sempre a cair dos pés da batata-frita-pequena. Não é a batata-frita-pequena que é um nabiças a andar não senhor. E o tamanho está supimpa. É o elástico que não prende bem no calcanhar. Então todos os dias se perdia uma havaiana e todos os dias andávamos a ver onde tinha ficado. No último dia desistimos e ficou algures na areia da praia de Odeceixe.
Adiante outra vez.
Não há nada que me agrade mais, de verdade, que ver batata-frita-pequena de fralda ao léu, pé descalço e olhos verdes a brilhar, todo contente no Alentejo. Mas à noite minha gente. À noite... À noite dava cabo de nós. Ou foi a excitação daquele pequeno ser, ou foi do colchão, eu sei lá. Foi ali qualquer coisa que nos escapou. Foram noites do camandro, com batata-frita-pequena sempre a choramingar. Então batata-frita-pai toca de trazer a criatura para a nossa cama. Isto nunca é boa solução. Então porquê? Porque tem um sentido inverso na batata-frita-pequena. Não dorme. Fica maluco, danado para a brincadeira, a ensaiar cambalhotas para o circo, de preferência para cima da mãe. Sim, agora estamos na fase da mãe. Mas é a semana da batata-frita-pai (um dia explico o que é isto da semana), que achou por bem fazer assim, pois se não pode rifar batata-frita-pequena para a mãe, então fica ali encaixadito entre a entidade parental.
Durante o dia foi a alegria. Batata-frita-pequena nasceu para a praia. É brincar na areia, é correr, é atirar-se à água sem medos. Batata-frita-mãe vibra com isto, que orgulho a minha cria tão desenvolta, tão morenita.
Então quando já lhe estávamos a tomar o gosto, eu secretamente a imaginar-me de espiga no canto da boca e a comer pão alentejano todos os dias, toma lá para aprenderes, toca de vir para cima que agora é assim, a malta já não pode ficar de férias muito tempo. Ser chefe é uma coisa muito bonita, mas dá um trabalho do caneco.
Ai, férias.


a saga da havaiana do super-homem

Batata-frita-mãe comprou umas havaianas do super-homem à batata-frita-pequena. Batata-frita-mãe achou muita piada e ficou a nadar em baba por ver batata-frita-pequena tão lindo e bonito e veranil, todo jeitoso a andar e a chinelar.
Batata-frita-mãe e batata-frita-pequena foram tratar de uns assuntos antes de irem de férias. Foram, íam, pois no caminho de casa para o carro que ficou estacionado na rua uma havaiana perdeu-se. Batata-frita-mãe fica histérica e chateada que o raio das havaianas custaram os olhos da cara (sim, têm 1/3 do tamanho das de adulto mas não deixam de ter quase o mesmo preço) e eram mesmo giras e agora a seca que vai ser ir outra vez à porcaria do shopping comprar outras iguais e eu gostava era mesmo das do super-homem.
Paciência, a havaiana perdeu-se, olha, azar, compram-se outras que caraças. Toca de ir lá acima outra vez buscar outro calçado para batata-frita-pequena. Isto tudo com 11 kg nos braços que o carrinho ficou no carro da batata-frita-pai.
Já com outro calçado, e já no rés-do-chão e eu a arfar, chegamos ao carro e quer da cadeirinha para batata-frita-pequena? Ficou também no carro da batata-frita-pai que por um belo acaso pirou-se para o trabalho nesta linda manhã em que era suposto já estarmos todos de malas aviadas.
Então batata-frita-mãe e cria não vão a lado nenhum, deixam-se ficar em casa. Não há cadeirinha, paciência para os assuntos por resolver antes das férias.
Batata-frita-mãe não se dá por vencida e percorre a rua toda com 11 kg de batata-frita-pequena nos braços à procura da havaiana do super-homem perdida.
Batata-frita-mãe é a maior, batata-frita mãe encontra a havaiana perdida na rua!!
Que comecem as férias.