Eu era daquelas pessoas que não via mal em perguntar a um jovem casal para quando um bebé.
Mas agora compreendo o quão chato é estar sempre a ouvir o mesmo. É muita indiscrição junta.
Ultimamente a pressão/curiosidade para ter um 2º filho é muita. É verdadeiramente chato ouvir tantas vezes a mesma coisa. Quem pergunta não imagina que 357 pessoas já perguntaram o mesmo. E é chato minha gente. Muito chato.
É assim, quando o 1º filho já está nos 2 anos, estamos a sair do prazo e há que começar logo a pinar apressadamente, qual fábrica de bebés.
Eu, que sou uma rapariga discreta, lido mal com pessoas abelhudas. Ouvir este tipo de perguntas uma vez ou outra é normal. Mas as mesmas pessoas perguntarem uma e outra e outra e outra vez, em público, dá vontade de lhes dar uma dentada.
Este fim-de-semana, durante uma reunião de família e amigos, uma certa personagem olhava insistentemente para a minha barriga, como se tentasse adivinhar se havia para lá algum ser vivo, prestes a ser anunciado. Falava também muito em bebés e correu as mulheres todas fertilmente viáveis, em busca de algo para explorar. Comigo não passou do olhar insistente, já que não há grande relação, mas senti-me como que nua. Vá lá que tinha uma roupa interior gira (isto faz-me sempre sentir bem e segura de mim, vá-se lá saber porquê).
Depois, uma outra personagem da família que, à mesa e rodeados por pessoas que conhecíamos há 5 minutos me pergunta "estás grávida?".
Ora, assim de repente, se estivesse de esperanças (NÃO ESTOU) acho que não era coisa que desejasse anunciar ali só para satisfazer a curiosidade alheia. Anunciar cenas à mesa nunca foi a minha praia. É muita atenção junta e, lá está, sou uma rapariga discreta.
Depois, provavelmente, se fosse o caso, seria eu a dizê-lo em jeito de discurso simples e não em forma de resposta.
É assim gente, eu entendo que se pergunte uma coisa destas uma vez. Mas uma vez chega. E já agora, de forma discreta e não em frente ao estádio da Luz.
Por norma sou uma pessoa criativa em várias áreas (cof cof), nomeadamente nas respostas na ponta da língua, mas para este tipo de abordagem nunca me ocorreu nada.
Precisa-se de resposta educada, objectiva, esclarecedora e muito tcharã para pessoas abelhudas.