Há uns dias atrás fui levar batata-frita-pequena à creche e reparei numa mãe que tinha deixado há minutos o seu miúdo, curiosamente na sala do meu. Era o primeiro dia. A mãe estava nervosa. Perguntava a auxiliares e à directora e agora o que é que ele está a fazer? Mas está encostado à parede? Mas a chorar? Está a brincar com alguém?. Era muita angústia que primeiro me fez sorrir de compaixão ao lembrar-me do nosso primeiro dia (já passou 1 ano!), mas que depois me deu vontade de ir ter com ela e dizer-lhe vai ficar tudo bem!
Não fui dizer-lhe isso, nem isso nem nada, preferi ficar na minha e respeitar o espaço dela.
Acabaram por convencê-la a ir tomar um café ou às compras ou a outro lado qualquer, que é como quem diz acalma-te mas é, ao que a mãe saiu, cabisbaixa e nitidamente com o coração nas mãos.
Não faz sentido rir disto, não tem graça nenhuma. Todas nós já passámos por isto ou vamos passar e, sejamos sinceras, não é nada agradável, mesmo que corra tudo bem.
Eu não chorei, mas fiquei com o coração do tamanho de uma ervilha. Apesar de ter sempre presente que era a melhor decisão. Foi uma escolha nossa.
Uma coisa eu posso dizer ou escrever a quem me lê. Tudo isto inevitavelmente faz parte. É como quando soltamos o pássaro pela primeira vez. Dói. Custa. Mas a longo prazo ficamos todos bem. Os miúdos ambientam-se, fazem amigos, participam em projectos de grupo, é todo um mundo novo que de repente ganham.
Ficamos espantados por afinal comerem sozinhos, por fazerem a sesta com os outros meninos, por obedecerem no que não obedecem em casa (!). É uma descoberta para eles e para nós.
E no final do ano lectivo olhamos para trás, para o primeiro dia, e percebemos que afinal nem foi tão mau como pensámos que ía ser.
Coragem*.
é uma grande angustia deixá-los mas é mesmo assim, e no fim o saldo acaba por ser positivo para todos.
ResponderEliminarBjos
Maggie
Obrigada :) estou precisamente nessa fase e é sempre bom ler como tudo é normal :)
ResponderEliminarMas caramba, custa mesmo muito...