as birras

Ah as birras... Esses momentos espetaculares despoletados por cenas várias e que fazem inevitavelmente parte da nossa vida quando decidimos ter criancinhas.
Lembro-me de assistir a cenas, antes de ser mãe, e de ficar com muito medo. De achar que aquilo seria o meu fim, que horror, coitados dos pais e como é que eu um dia vou fazer quando acontecer comigo.
Cuspir para cima também acontece a toda a gente, é um clássico. E eu cuspi muitas vezes.
O meu mais velho não é dado a grandes neuroses. É fôfo, gozão, porta-se razoavelmente bem. Sim, é uma jóia de puto. Mas... quando se passa... passa-se.
Ontem de manhã não quis sair da cama. O pai tentou acordá-lo diversas vezes. Eu ainda estava no vale dos lençóis depois de uma noite do demo (cortesia da mais nova) e não dei por nada, a não ser quando me levantei e assisti à cena.
Então batata-frita-pequena ainda não estava com vontade de sair da cama e passou-se da marmita. Não queria vestir-se para ir para a escola, não queria comer, tudo com grande drama e choro e gritos. 
Quando me viu, embirrou que queria que eu lhe desse os cereais à boca (com o pai em stress atrasado para uma reunião e a querer sair de casa daí a 3 minutos; com a mais nova a acordar naquele momento e a querer mamar; e com os senhores das obras - obras em casa, don´t ask - a tocarem à campaínha). 
Fora de questão, disse-lhe que tinha de comer os cereais sozinho ou então levava o pacote de leite para beber pelo caminho.
Mais choro porque tirei eu a palhinha do plástico do pacote de leite e não podia ser eu, tinha de ser ele.
Por esta altura já eu estou a aquecer, já está o pai em ebulição.
Não comeu nada, foi para a escola a chorar. Drama, drama, drama.
À tarde fui buscá-lo à escola, ainda com a mente toldada pelo sentimento de culpa de não conseguir ser eu a despachá-lo de manhã.
Estava a brincar, feliz da vida.
Perguntei-lhe porque tinha feito aquela birra de manhã. "Porque queria ficar a dormir mais um bocadinho".
Expliquei-lhe que o problema estava em deitar-se tarde, que não podia ser.
Disse-me "mãe, amanhã não vou fazer birra". 
E não fez. Hoje acordou em modo certinho e assim foi para a escola. Como se nada se tivesse passado.
Ficam os cabelos brancos desta aqui e os neurónios queimados.
A brilhante conclusão é que, se queres filhos então hás-de ter birras. É inevitável.
Mas sobrevive-se. Com alguns cabelos brancos e neurónios queimados, vá.
E no fim o saldo é positivo sim senhora. Não é um cliché.
Ah, a maternidade...

7 comentários:

  1. É isso aí, no final de tudo acabamos por sobreviver felizes :)
    Mas há dias do camandro, ó se há!

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  2. Ui, birras...
    O meu é cinturão negro nessa área, mas é como diz, "no fim o saldo é positivo" ;)

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  3. podia ter sido eu a escrever isto... :-) compreendo perfeitamente. E sim, é inevitável...

    esta frase então: "Mais choro porque tirei eu a palhinha do plástico do pacote de leite e não podia ser eu, tinha de ser ele" fez-me rir. o meu ontem voltou a subir para a cadeira do carro porque queria descer sem ajuda e eu ajudei-o

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  4. E se eu te disser que isso acontece TODOS os dias, cá em casa??? 100% deles, sem exagero!!! Ou por causa das meias, ou por causa do cabelo, ou por causa do tênis, ou por causa da T-shirt, ou do copo do leite, enfim a pisca tem apenas 3 anos, mas uma imaginação bem fértil para arranjar dramas e por os pais com os cabelos em pé.... DIARIAMENTEEEEEE.... Cansei!
    Luciana

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    1. A partir dos 2 anos dos miúdos, devia ser dada uma injecção de adrenalina e paciência aos pais.

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  5. a sério, braços de ferro é de pôr os nervos em franja. e quando estamos com pressa? e os clientes telefonam e eles aos gritos :SSS

    córage!!

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