ir à guerra e voltar

Hoje fui uma daquelas mães para quem olhamos com pena, compaixão ou medo, que estão acompanhadas por seres minúsculos demoníacos.
Fui muito contente buscar a minha cria à escola, é uma cena que adoro fazer (raramente vou) e tive a ideia espetacular de ir lanchar com ele ao shopping perto de casa. Pois se tinha de lá ir a uma loja levantar uma encomenda, vinha mesmo a calhar. Pensava eu. Ah pois, também tinha de repôr o stock de meias, por isso vale também uma ida à Calzedonia.
Batata-frita-pequena quis ir pelo próprio pé, não quis carrinho. E não quis dar a mão porque "aqui não há carros". Então fui muito contente com esta independência, com ele a acompanhar o meu passo como um menino crescido.
Cinco minutos mais tarde, vê uma miúda num carrinho e lembra-se que quer o carrinho dele. Explico-lhe que o vamos buscar depois de irmos comprar meias. Começa a birrinha. Entramos na loja e foi uma cena linda. Eu a tentar dialogar com a empregada e ele com a ladaínha "quero o carrinho! Quero o carrinho! Eu quero o carrinhoooooo!". Não valeram os meus olhares assassinos nem a minha explicação pedagógica. Começou a estrebuchar cada vez mais, com a loja toda a olhar para nós. Paguei o mais rápido possível e fui buscar o carrinho.
Mas, subitamente, quando ele já estava no carrinho, dentro do elevador, começa com a birra outra vez e a cena começou a subir de volume. Uma mãe de 2 miúdos, dentro do elevador diz-me "ai como a compreendo. É respirar fundo e contar até 10, ter muita calma!". Apeteceu-me dizer-lhe "É mas é uma palmada neste rabo!!", mas com medo que me aparecesse a comissão de protecção de menores, apenas sorri.
Ida fugaz à loja para levantar a encomenda, com a criança a passar-se e eu a passar-me também.
De repente fez-se luz "é fome pá!! Só pode!", por isso levei-o a lanchar, mas foi novamente o PESADELO, com toda a gente a olhar para nós. Engoli rapidamente o pão de leite e o galão e pirei-me.
Na garagem meia hora para sua excelência de sentar na cadeira (avistou o chapéu de chuva no banco detrás e decidiu brincar com ele). Passo-me e grito "SENTA JÁ!!", ao que a personagem me responde "Calmaaaaa!!". Controlei o riso nervoso, pus o cinto e rumei a casa.
Men, que fim de tarde tão comprida, juro.
Batata-frita-pai esperava-nos em casa e disse-lhe "é todo teu, vou avisando que está apuradinho", pelo que só sei que ouvi que o banho teve algum choro e que houve alguma dificuldade a vesti-lo a seguir. Foi a minha conclusão, ao vê-lo correr pela casa só com as cuecas vestidas.
O resto da noite foi para lá de animado e acabou em beleza, com um prato partido e o chão da cozinha cheio de vidrinhos afiados, bestial para quem, como eu, gosta de andar descalça pelo lar.

Sinto que hoje fui à guerra.


11 comentários:

  1. acho que todos os pais passam por uma dessas sem saber bem o que se passa... :S é minimizar os danos colaterais e contar até 10!

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  2. Todas nós passámos por isto!
    É desesperante!
    Mas é só uma fase; só que parece tão coooooooooooooomprida!

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    1. Isto não acontece muitas vezes. Tenho um miúdo calmito, que não é muito dado a estas crises. Não é para me gabar, ele é mesmo santinho. Mas de vez em quando baixa nele o demo. É criança, pronto...

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  3. És tipo eu. Quando ela ja me deu cabo dos nervos, é fazer troca com o pai, para não ter de partir para a palmada pedagógica... E ela tb ja conseguiu que eu saisse dum jantar após as entradas. Em relação à loiça trato-a mesmo como um bebé - TUDO DE PLASTICO!

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    1. O pai foi um escape que soube bem :D
      A loiça dele também é de plástico, o prato que ele partiu foi dos nossos :/

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  4. Que fim de dia interessante :S
    Estou completamente solidária, não fosse o que descreves o pão nosso de cada dia com a minha mais nova.
    Hoje já deves ter acordado mais calma. Espero que ele também.

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  5. Só ria a ler - rir para não chorar - porque eles são de facto iguais. Tive no outro dia ideia igual, fomos a uma pastelaria óptima perto da creche, e também saí de lá a jurar que enquanto me lembrasse não íamos lanchar ao café. Uma mãe a querer acabar o dia com mimos e atenção aos petizes e acabamos todos a respirar fundo para não perdermos a cabeça. O que vale é que depois as birras passam e os sorrisos e os abraços voltam.

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